domingo, 10 de julho de 2005

::: mephistópheles :::

Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles, é o diabo. E todos vocês são Faustos.
Faustos, os que vendem a alma ao diabo.
Tudo é vaidade neste mundo vão, tudo é tristeza, é pop, é nada. Quem
acredita em sonhos é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe entre
nossos braços e abraços.
Mas eu não sou o que vocês pensam. Eu não sou exatamente o que as Igrejas
pensam. As Igrejas abominam-me. Deus me criou para que eu o imitasse de
noite. Ele é o Sol, eu sou a Lua.
A minha luz paira sobre tudo que é fútil: margens de rios, pântanos, sombras.
Quantas vezes vocês viram passar uma figura velada, rápida, figura que lhe
darei toda felicidade. Figura que te beijaria indefinidamente. Era eu. Sou eu.
Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderá achar. Os problemas que
atormentam os Deuses. Quantas vezes Deus me disse citando João Cabral de
Melo Neto: Ai de mim, ai de mim. Quem sou eu?
Quantas vezes Deus me disse: Meu irmão, eu não sei quem eu sou.
Senhores, venham até mim, venham até mim, venham. Eu os deixarei em
rodopios fascinantes, vivos nos castelos e nas trevas, e nas trevas vocês verão
todo o esplendor.
De que adianta vocês viverem em casa como vocês vivem? De que adianta pagar
as contas no fim do mês religiosamente, as contas de luz, gás, telefone,
condomínio, IPTU?
Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem
através de uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem.
As suas bem humanas insaciabilidade, terão lábios, manjares, bebidas.
É difícil encontrar quem não queira vender sua alma ao diabo.
As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz, luz, mais luz!!

(goethe)

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