terça-feira, 30 de agosto de 2005

::: dawn zine II :::

::: história sem o menor sentido :::
mil perdões

Todos os dias ele recebia telefonemas interurbanos e visitas lhe traziam biscoitos. Ele freqüentava o tintureiro aos sábados bem cedo, reunia em casa o pessoal da firma, bebia tudo o que tivesse gosto ruim: tinta plástica, suco de tomate. Alonso vestia uma touca preta nos dias de frio e seus amigos calçavam galochas nas festas a fim de tirar fotos engraçadas.

Alonso encostava nos azulejos da cozinha lotada de gente e contava piadas com uma caneca de salmoura na mão. Ele apertava o ombro das meninas e sussurrava para as mais chegadas o hino à bandeira, enquanto alguém colocava no som um disco raro de sessenta e seis, a prima dançando em cima do sofá com um par de galochas.

Alonso com aquela touca me lembrava o Pio XXI, a Greta Garbo, o Amado Baptista.

Deve ser triste pra ele
Parecer tanta gente.

(dawn zine #61)

Nenhum comentário: