::: história sem o menor sentido :::
mil perdões
Todos os dias ele recebia telefonemas interurbanos e visitas lhe traziam biscoitos. Ele freqüentava o tintureiro aos sábados bem cedo, reunia em casa o pessoal da firma, bebia tudo o que tivesse gosto ruim: tinta plástica, suco de tomate. Alonso vestia uma touca preta nos dias de frio e seus amigos calçavam galochas nas festas a fim de tirar fotos engraçadas.
Alonso encostava nos azulejos da cozinha lotada de gente e contava piadas com uma caneca de salmoura na mão. Ele apertava o ombro das meninas e sussurrava para as mais chegadas o hino à bandeira, enquanto alguém colocava no som um disco raro de sessenta e seis, a prima dançando em cima do sofá com um par de galochas.
Alonso com aquela touca me lembrava o Pio XXI, a Greta Garbo, o Amado Baptista.
Deve ser triste pra ele
Parecer tanta gente.
(dawn zine #61)
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